Por: RIbeiro Aires
El-rei D. Manuel II tinha agendada uma visita a Vila Real no dia 5 de Outubro de 1910. Confirmada a viagem, o Governador Civil de Vila Real, dr. Albino Maria Moreira de Carvalho, depois de se ter deslocado a Lisboa para preparar a visita, convocou, a 21 de Setembro, com os mesmo fim as forças vivas do concelho de Vila Real, entre elas o Administrador do Concelho, dr. António Ferreira da Costa Agarez e o Presidente da Câmara Municipal, dr. Augusto Rua, excluindo, sem surpresa, O Povo do Norte. No dia 22, foi constituída uma comissão encarregada de promover os festejos, presidida pelo Comendador Emídio José Ló Ferreira, Visconde de Trevões, e pelos vogais comendadores Domingos de Carvalho Campos, José Augusto de Barros e Alexandre Augusto Ribeiro, Monsenhor Jerónimo do Amaral, Manuel José de Morais Serrão, António Albino da Silva Botelho, José Fernandes e Francisco da Costa Agarez. Para fazer face às despesas foi aberta também uma subscrição pública. No dia 26, o Governador Civil enviou um ofício às várias entidades locais nos seguintes termos:
“ Devendo chegar a esta capital de Districto no dia cinco do próximo mez de Setembro [Setembro é erro do copista. Deve ler-se Outubro], erro do, pela uma hora da tarde, Sua Magestade El-Rei o Senhor D. Manoel 2º e sendo necessário apresentar a tam Augusto visitante as demonstrações de consideração e apreço que são devidas ao primeiro Magistrado do Paiz, vou rogar a V. Exª que se digne de comparecer, na estação do caminho de ferro, à hora indicada, com todos os funcionários sob sua ordem**, a fim de se incorporarem no cortejo, que d’aquela estação seguirá para o edifício do Governo Civil aonde Sua Magestade receberá os cumprimentos de todas as pessoas que desejem prestar-lhe essa homenagem.

Deus Guarde a V.Exª Vila Real, 26 de Setembro de 1910
O Governador Civil
Assim se preparava, no distrito, a visita de D. Manuel II que devia ser recebido “embora com singeleza, mas com a dedicação de bons monárquicos“, no dizer do Vice-Presidente da Câmara Municipal de Chaves, Francisco Marcelino da Fontoura.
Em Lisboa, os preparativos começaram também em devido tempo. O rei viajaria numa composição especial fosse na linha do Douro, fosse na linha do Corgo. Da capital seguiram dois automóveis e quatro chauffeurs, três trens, doze cavalos e doze criados da Casa Real. A segurança seria reforçada com forças militares de Cavalaria 6 (60 praças) e de da polícia do Porto (30 praças). Para que tudo fosse condigno, compraram-se presentes, foram preparados diplomas alusivos, editaram-se menus em francês (ver ao lado), enviaram-se convites. Para esta festa foram contratados, vindos do Porto, armadores e horticultores. Construíram-se obeliscos e arcos na Avenida D. Carlos, Largo Almeida Garrett, Rua do Arco e Praça Luís de Camões. Foram contratadas 8 bandas de música e cinco pirotécnicos que prepararam 250 dúzias de foguetes. Para Vidago seguiu uma força de 100 praças de Infantaria 20, para Alijó marcharam 100 praças de infantaria 13, com a respectiva banda de música e para Murça foram enviadas 100 praças de Infantaria 18.
Mas o rei não veio. A festa foi, no entanto, monárquica.