Por: Albano Cunha
No próximo dia 30 de Janeiro, as eleições legislativas são um marco importante na nossa história democrática. A nossa democracia teve já 16 eleições legislativas, com períodos de duração que oscilaram entre legislaturas com a duração de apenas uma sessão legislativa e outras com o seu limite máximo de 4 anos. As próximas eleições legislativas são fundamentais para traçar o rumo do país no pós-pandemia, de onde sairá o Governo que decidirá a política a seguir para a recuperação económica e social de um país saído da maior crise sanitária do pós 25 de Abril de que há memória, e que por si só, provocou uma crise económica e social sem precedentes. Os mais socialistas do PS dirão certamente que fomos um país com sucesso no combate à pandemia porque somos um exemplo na alta taxa de vacinação. Por seu turno, os que não se esquecem do que aconteceu em Portugal desde Março de 2020 dirão que nenhuma pandemia é combatida com sucesso quando morrem mais de 19 mil pessoas embora o fenómeno tenha sido mundial e tenha existido um esforço sobre-humano dos nossos profissionais de saúde. Ninguém estava preparado para uma pandemia destas? Verdade. Poderia ter sido combatida de outra forma mais assertiva? Poderia. Não esquecemos o tempo que Portugal demorou a fechar fronteiras, não esquecemos a falta de controlo em aeroportos e nos limites territoriais terrestres, a falta de médicos e enfermeiros e as palmas à janela sem qualquer repercussão no respeito salarial pelos nossos profissionais de saúde. Temos médicos e enfermeiros de saldo com funções “premium”. No final de contas, depois das palmas à janela, no final da pandemia, ainda tiveram que “levar” com a Ministra da Saúde a exigir que fossem resilientes e que continuassem na verdadeira cepa torta de um trabalho qualificado mal pago. Somos fantásticos na competência dos nossos profissionais de saúde e vergonhosos no que lhes pagamos. E nada mudou. Veio então a vacinação de sucesso que os socialistas adoram apregoar, aquela que Rui Rio dizia ter que ser chefiada por um militar depois de se ter descoberto que o antigo coordenador da vacinação, Francisco Ramos, socialista repetido em cargos governativos, ter sido confrontado com irregularidades na vacinação contra a Covid19 no Hospital da Cruz Vermelha que dirigia. E lá veio o militar que Rio tanto pedia e que acabou por se revelar a escolha acertada para a coordenação do Plano Nacional de Vacinação. A escolha que agora é regozijo do governo de António Costa. No meio da pandemia, quando o Governo português deveria ter sido estável, o Bloco de Esquerda e o PCP decidiram aumentos utópicos e perigosos da despesa pública, dos salários, quando a maioria das empresas se encontra em recessão económica. E o PS não conseguiu segurar o orçamento, percebeu a irresponsabilidade da extrema esquerda e não quis ir ao ponto de destruir irreversivelmente o tecido empresarial português. Revelou-se, esta esquerda, instável e irresponsável e o PS incapaz de estabelecer alianças governativas que lhe permitam governar. É altura da direita se unir ao centro e assegurar a estabilidade governativa que Portugal precisa. Por isso não pode desperdiçar votos, deve seguir a lógica do voto útil. O voto do eleitor de direita em partidos como o CDS (que infelizmente não tem a matriz identitária da sua fundação), IL ou Chega servirá para fortalecer a margem de “segurança” de António Costa e uma futura aliança do mesmo, em termos parlamentares, com o BE e PCP que levaram a este estado de coisas e à instabilidade governativa que não interessa a Portugal. O voto em partidos de direita e centro direita que não seja o PSD implicará um crescimento de tais partidos mas não impedirá a vitória do PS e a governação pela esquerda em Portugal. Várias vezes me identifiquei como um homem de direita com “ideias de esquerda”, recusando a criminalização da interrupção voluntária da gravidez e sendo a favor da legalização da prostituição, por exemplo. Recuso rótulos. Apoio ideias. Mas é hora do voto útil da direita ser apostado em quem tem condições para chegar a Primeiro-Ministro, estando a governar ao centro, de forma responsável e com postura estadista. Sem rótulos. Apenas responsabilidade. Só Rui Rio poderá desempenhar esse papel. E o confronto em cima da mesa é este: Rio ou Costa. E não é tempo para confrontos de egos por lugares no pódio.